Quando éramos bem pequenos aprendemos que dependendo do nosso comportamento, podíamos ser uma criança boazinha ou ma. Desde então, aprendemos a esconder todos os nossos defeitos. Mas por mais que tentemos cumprir com a imagem de boa pessoa, dentro de nós as necessidades são completamente diferentes.
Quando crianças, queríamos ser livres e barulhentos, experimentar as coisas, ter tudo ao mesmo tempo – agora! Quando adultos as vezes em silêncio desejamos paixão, sonhamos e fazer nossas loucuras ou queremos gritar com todo mundo. Dependendo do quanto formos disciplinados, resistimos a esses desejos. Engolimos seco e apresentamos ao mundo nosso melhor. Se isso não funcionar, começamos a construir um desvio para todos nossos maus desejos, vontades sentimentos e necessidades. Nos entupimos de comida, ficamos chateados ou nos permitimos em segredo, pelo menos uma vez sermos amantes loucos e apaixonados.
Quanto mais fingimos que essa parte inaceitável de nós mesmo não existe, e quanto mais tentamos escondê-la, rejeitá-la ou compensá-la, cumprindo nosso papel de bonzinhos ou apenas a reprimindo e a esquecendo, menor a chance de ela desaparecer.
Na verdade, acontece o contrário – tudo que banimos do nosso consciente, emerge em outros lugares, muitas vezes de forma distorcida. Isso acontece em relações intimas, particularmente com toda a força. Todas aquelas partes de nós mesmos que seriam detestáveis se refletem da forma mais clara possível nos nossos relacionamentos mais íntimos.
Por isso nos nossos relacionamentos, perdemos o controle, escondemos, traímos, desistimos de nós mesmos ou desejamos mais. Só existe uma forma de cura verdadeira: temos que enfrentar nosso abismo interior com coragem e sinceridade.
Eva Maria Zurhorst